União entre assentados fortalece produção orgânica no Distrito Federal
TELMA PEIXOTO
Cerca de 30 famílias de agricultores do assentamento Oziel Alves III, criado pelo Incra e localizado em Brasília (DF), têm como principal bandeira a produção livre de agrotóxico. É o que garante Seu Pedro, como é conhecido Pedro Malaquias Soares, um dos fundadores da Associação dos Produtores Agroecológicos do Alto São Bartolomeu (Aprospera).
Seu Pedro e a esposa, Dorvalina Pereira Soares, ficaram acampados por mais de 12 anos na divisa entre os estados de Goiás e da Bahia. Ele conta que foi lá que sua história como defensor da produção orgânica começou: “Nesse período fui coordenador de produção no acampamento e aprendi que matéria orgânica expande na terra e já com o adubo químico você regride a terra, acaba com o solo e também com as nascentes”, explica.
Em 2014, quando foi assentado pelo Incra, Seu Pedro lembra que sempre incentivou os vizinhos a trabalharem de forma orgânica, usando defensivos naturais como o alho, a cebola e uma espécie de caldo extraído da mandioca no momento em que é feita a farinha. “Primeiro, convidei um vizinho para trabalhar comigo nos moldes da agroecologia. Em um dia eu e minha esposa trabalhávamos lá na casa deles, no outro eram eles quem trabalhavam na nossa. Outras pessoas começaram a se interessar e eu ia sempre ensinando. Por meio da nossa união, o projeto cresceu e decidimos abrir uma associação, que hoje conta com 34 famílias”, conta orgulhoso.
A lista de produtos da associação é vasta: entre a produção estão pequi, banana, manga, abóbora, laranja, goiaba, abacaxi, maxixe, maracujá pérola, mandioca, batata, batata-doce, pimenta e hortaliças em geral. Além de comercializarem o que plantam, também vendem geleias, mel, farinha de mandioca, ovos, picles e azeite.
O casal conta que costuma participar de feiras orgânicas em todo o Distrito Federal e que, das famílias associadas, 13 têm certificado de produção orgânica. Eles também vendem a produção por meio do sistema Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA), uma espécie de economia associativa solidária que garante a venda de 120 cestas por mês com 12 itens produzidos por eles com produtos da estação.